Design Inclusivo
O Design tem como função principal a supressão das necessidades de todas as pessoas, mas as soluções geralmente encontradas acabam sempre por ser projetadas para a “média” das pessoas – jovens, com boa saúde e sem nenhuma limitação – prejudicando assim todos os que não se encaixam nesse grupo. Mas a verdade é que “todos somos diferentes” e temos necessidades diferentes.
Inclusividade da Cor
A capacidade de distinção das cores pelo Homem varia de indivíduo para indivíduo e reduz-se naturalmente com a idade. A acrescentar a isto temos também de contar com os possíveis problemas congénitos como o daltonismo ou o nível de acuidade visual.
Durante o processo de design podemos selecionar as cores com base numa série de fatores: pelo seu apelo emocional, pelo seu significado implícito, por harmonia, etc. Mas no momentow da conjugação de cores é necessário ter em atenção o seu nível de contraste geral, pois é o contraste de uma cor contra a outra, que as tornam mais ou menos visíveis, do que as cores individualmente. O ideal seria que as representações, principalmente o texto, oferecessem pelo menos um contraste de 80% entre figura e fundo (Silva, 2013). Se não existir contraste suficiente entre figura e fundo, o observador vai semicerrar os olhos para perceber o texto, causando fadiga ocular, principalmente na população mais idosa.
De forma a melhorar a percepção cromática deve-se exagerar as diferenças de luminosidade entre as cores da forma e fundo, evitando contrastes entre cores de matizes semelhantes.
Nos casos de doença congénita, o designer tem ao seu dispor um conjunto de ferramentas que lhe permitem simular a forma como as cores serão percepcionadas. Exemplo disto é a imagem dos logótipos da empresa Ebay e dos Jogos Olímpicos.
No sentido de criar uma ferramenta inclusiva que permitisse às pessoas com problemas de daltonismo identificar corretamente as cores, o designer Miguel Neiva concebeu o código ColorAdd. Através da utilização de um conjunto de símbolos gráficos, que traduzem as cores primárias, foi possível criar um sistema universal de identificação das cores com base na síntese aditiva.
É já um dado adquirido que a população mundial está a envelhecer, e com isso, o número de pessoas com algum tipo de incapacidade – visual, física ou motora – está a crescer. É difícil, quando não temos qualquer tipo de limitação, conceber algo para quem as tem. Mas, como designers temos de passar a incorporar durante o processo de criação ferramentas que promovam a inclusividade, não como uma exceção, mas simplesmente como mais uma forma de melhorar a qualidade do projeto de comunicação.
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